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31/07/2017 (14H28)

Vida antes e depois da Fundação Casa

Instituição sediada em São Carlos recebe adolescentes de 14 à 21 anos de diversas
cidades da região Descalvado, Porto Ferreira, Pirassununga, Ibaté, entre outras.

  


A
Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente (Fundação Casa), instituição vinculada à Secretaria de Estado da Justiça e da Defesa da Cidadania, tem a missão primordial de aplicar medidas socioeducativas de acordo com as diretrizes e normas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e no Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE).

A Fundação Casa presta assistência a jovens de 12 a 21 anos incompletos em todo o Estado de São Paulo. Eles estão inseridos nas medidas socioeducativas de privação de liberdade (internação) e semiliberdade. As medidas — determinadas pelo Poder Judiciário — são aplicadas de acordo com o ato infracional e a idade dos adolescentes.

De acordo com Valéria Bulhões, coordenadora pedagógica da instituição, o objetivo da Fundação Casa não é a punição. O objetivo é impor regras para que esses jovens aprendam conviver e ter uma rotina organizada. Valéria diz que antes esses jovens não tinham, por exemplo, horário para dormir, acordar, estudar ou se alimentar, o que deixa a vida desses adolescentes desorganizada.

Ela disse também que o objetivo principal da instituição é oportunizar a esses jovens o que foi negado anteriormente. “Muitas vezes, o acesso à educação, a instrução ou até cuidados médicos, é negado”, disse. Aqui o foco é mostrar para esses jovens que eles podem ter acesso a uma escola técnica, uma biblioteca, aos cuidados necessários e sempre garantir os direitos, ressaltou.

De acordo com a coordenadora, há sempre o incentivo para que a equipe pedagógica busque mostrar e oportunizar diferentes conhecimentos para os jovens infratores para que eles vejam que existem caminhos diferentes dos que os trouxeram até aqui.

Ela finalizou dizendo que os educadores sempre buscam estimular a reflexão desses jovens para que quando estiverem no exercício da liberdade, eles pensem antes de agir para que não retornem ao mesmo caminho de antes. Para Valéria, a educação pressupõe a liberdade e é por isso que o maior esforço dos profissionais é mostrar o caminho da educação. “Nosso objetivo aqui é devolver o menor de um jeito diferente do que recebemos aqui. De uma maneira bem melhor”, disse.
 

Instituição pede doações de livros para montar biblioteca - A Fundação Casa está com um projeto de grande importância para os jovens que estão apreendidos por cometerem atos infracionais. O projeto consiste na criação de uma biblioteca para que os internos possam ter contato com a literatura.

De acordo com a coordenadora pedagógica, o objetivo de se ter uma biblioteca própria é oportunizar para esses jovens o contato com a leitura. Valéria Bulhões ressaltou que a leitura tem sido um artifício muito importante utilizado para mudar o comportamento dos jovens que estão na Fundação Casa, pois a leitura é um caminho para que esses internos mudem de vida.

Ela também destacou a parceria entre a Fundação e o Sesc. “Temos uma parceria muito importante com o Sesc que já dura três anos, onde há uma bolsa de empréstimos para que os jovens possam ler”, disse. A coordenadora pedagígoca ressaltou que os internos estão surpreendendo na leitura, pois alguns começaram com literatura infanto-juvenil e hoje já estão lendo antologia poética.

Valéria informou que podem ser doados qualquer tipo de livro e, caso haja livros que incitem a violência, ele é retirado. O importante é que sejam doados os livros que o acervo possa ser montado para que os jovens possam se aproximar cada vez desse mundo da literatura.

Um jovem de 16 anos [que nesta matéria não terá sua identidade revelada] é um bom exemplo a ser citado sobre como a leitura o fez ver novos caminhos. O adolescente foi apreendido pelo crime de tráfico de drogas no início deste ano e desde então está na Fundação Casa. Antes do ocorrido, o jovem trabalhava vendendo entorpecentes em sua cidade natal. Segundo ele, sua vida era bem diferente do que é hoje, pois vivia nas ruas, sem regras, sem hora para voltar e, segundo ele, muitas vezes nem voltava para casa.

“Ficava para rua, não obedecia minha mãe nem meu pai, eles pediam para eu fazer alguma coisa, eu não fazia, saia de casa. Pediam para eu ficar em casa, eu não ficava, chegava todo dia de madrugada. Tem vez que eu nem ia embora, ficava dois três dias na rua, vendendo drogas”, disse. “Com o tráfico de drogas o dinheiro era fácil e muito rápido, do jeito que eu pegava eu gastava, usava drogas também com esse dinheiro, comecei com 13 anos”, completou o jovem.

Sem nunca ter entrado em uma biblioteca em sua vida antes de ser apreendido, o contato que teve com os livros durante esse período em que está na instituição, o jovem disse que sua vida mudou completamente e hoje se dedica aos estudos e gosta muito de ler diferentes livros. “A leitura mudou minha vida. Agora eu leio dois ou três livros por semana. Comecei a refletir, a levar a medida mais a sério, a ler e a dar mais valor nos estudos”, finalizou.
 

VISITA DOS FAMILIARES - Dos 64 meninos que cumprem medidas socioeducativas na Fundação Casa, apenas 20 recebem visitas de familiares com frequência e a maioria é de famílias desestruturadas, o que contribui para que os garotos caiam facilmente no mundo do crime.

Segundo a coordenadora pedagógica, alguns dos garotos não sabem o que é carinho afetivo, familiar, e existem situações em que é necessário acionar a família judicialmente para comparecer na Fundação, até mesmo para que o menino possa ser liberado da medida em que foi imposta. “A gente tem muitos meninos que vivem em situação de abandono

mesmo, abandono afetivo, tem família que precisa ser acionada judicialmente para comparecer, porque não se sente responsável pelo adolescente e não comparece nem mesmo para que o menino possa sair da medida que cumpre. Temos um número baixo de garotos que recebem visitas, apenas 20 a família vem com frequência visitar”, contou.

Valéria conta que a maioria dos garotos vive dentro de suas casas situações complicadas, onde os pais também cumprem medidas de privação de liberdade, consumo de álcool e drogas e até mesmo situação de miséria. “A maioria dos meninos vem de famílias que são desorganizadas, maus exemplos, pais ou mães que estão na privação de liberdade também, estão em presídios, muita situação de drogadição, alcoolismo, pobreza, situação de miséria”, apontou a coordenadora pedagógica.

Os próprios garotos contam como era situação dentro de suas residências, com famílias grandes. “Minha mãe que me criou sozinha, eu e meus irmãos, ela fica chateada pelo o que eu fiz, mas agora eu quero mudar para ajudá-la. Minha mãe sempre trabalhou de funcionária na escola, é faxineira, o dia inteiro para cuidar de mim e de meus irmãos. Sempre fomos criados só pela minha mãe”, revelou um garoto de 18 anos que cumpre medida socioeducativa após praticar um assalto. O adolescente tem mais três irmãos, de 15, 10 e 2 anos.

Diante dessa situação, o garoto afirma que tem medo que os irmãos sigam o caminho errado. “Meus irmãos passavam, viam eu com os moleques, às vezes estávamos usando drogas, eles viam. Agora vou mudar, tenho medo de eles seguirem o caminho errado, sei que não é legal isso, por isso quero mudar de vida”, enfatizou.

A Fundação Casa de São Carlos recebe adolescentes de 14 à 21 anos de diversas cidades da região, como Leme, Porto Ferreira, Pirassununga, Ibaté, Descalvado, Ribeirão Bonito, Dourado, entre outras.

Vida antes e depois da Fundação CASA - Três jovens que cumprem medidas socioeducativas na Fundação Casa de Saão Carlos podem servir de exemplos para outros garotos que também se encontram em situação parecida com a deles. Os adolescentes resolveram mudar de vida após ter contato com uma série de atividades que são realizadas na unidade.

Antes, os garotos viviam no mundo do crime, mas com as orientações dos profissionais que atuam na Fundação, a volta aos estudos, a participação em oficinas e cursos, fizeram  com que eles refletissem sobre o futuro.

Um dos garotos, de 18 anos, que foi internado devido ter praticado um roubo junto com outros cinco rapazes em fevereiro deste ano, vai cursar ensino técnico de Eletricista Instalador no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) pelos próximos três meses, com início no dia 1º de agosto.
 

O jovem conta como era sua vida antes da Fundação Casa. “Minha vida era totalmente diferente, ilusão do crime, ficava correndo atrás de coisas erradas, longe da minha mãe e dos meus irmãos, agora estou com outros pensamentos. Fiquei dois anos sem frequentar a escola, aqui voltei a estudar, tive oportunidade de fazer cursos e agora fui selecionado para o Senai”, revelou.

Além do curso do Senai, o garoto tem o sonho de ser barbeiro e cabeleireiro. “Sonho também em fazer o curso e de ser cabeleireiro, vou prestar e fazer o curso que é de nove meses”, contou entusiasmado. “Querendo ou não vir para cá

foi uma lição, meu comportamento era outro, agora está mais adequado”, completou.

A história de outro jovem, de 19 anos, não é muito diferente. Acostumado a praticar roubos, foi surpreendido em julho de 2016 roubando uma casa a mão armada com outros dois garotos, quando foi para a Fundação e dentro da unidade viu outra realidade e procurou a equipe de referência pedindo ajuda e agora irá cursar Torneiro Mecânico no Senai. “Minha vida era totalmente diferente, todo dia no crime, roubava toda hora, arriscando a minha vida, sendo ameaçado de morte, correndo de , só dando tristeza para minha mãe. Tinha medo de morrer, mas não parava. Aqui fiz dois cursos, pessoal e vendas básicas de materiais para construção. Quero mudar de vida, dar orgulho para minha mãe agora, pois foi só tristeza, quero mudar, levar outra vida, esse mundo do crime não é para mim não. Vou estudar para quando sair daqui ter uma vida diferente”, contou.  “Os funcionários aqui da Fundação nos ajudam muito, nos orientam, dão conselhos para seguir outro caminho, um caminho melhor”, continuou.

A coordenadora pedagógica, Valéria Bulhões, destacou a importância do trabalho de ressocialização exercido na unidade de São Carlos, e os resultados alcançados por meio deste trabalho. "Procuramos estimular e a valorizar os estudos, mostramos para eles que existem outros caminhos, temos metas, prazos e corremos para buscar os objetivos”, finalizou.

*Fonte: Jornal Primeira Página (Fotos: Lucas Castro)
 



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