A
escassez de chuva nos últimos meses colocou o município de Descalvado
em alerta para um possível racionamento de água, inclusive com
intensificação da campanha
para o consumo consciente. Se a estiagem se prolongar e o consumo de
água não diminuir, a população descalvadense poderá experimentar pela
primeira vez o racionamento de água, o que comprometerá, além do
abastecimento público, o funcionamento de escolas, do hospital, e postos
de saúde, alerta a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos
(SEMARH).
Dados da SEMARH apontam que choveu apenas 2 mm em agosto e outros 2 mm
em setembro, menores índices ao longo dos últimos 6 anos. Em relação a
setembro, o índice representa apenas 3,2 % do que choveu no mesmo
período nos anos de 2019 e 2020.
Historicamente, o período chuvoso na região vai de outubro a março,
quando normalmente precipitam cerca de 80% das chuvas de um ciclo de 12
meses. Entre outubro de 2019 a março de 2020 o índice de chuva foi de
1.349,8 mm, enquanto que de outubro de 2020 a março de 2021, foi de 1.162,6
mm. Ou seja, houve uma queda de quase 14% somente no último período
chuvoso. Além disso, nos últimos 6 meses choveu apenas um total de 76,5
mm, o que demonstra o tamanho e a gravidade do problema.

A situação fez a cidade entrar na chamada “seca extrema” em agosto,
indicador que aponta para risco escassez de água. Outro indicador
preocupante é o nível dos reservatórios que compõem o principal
manancial da cidade: as represas Rosária e Calmon. A primeira está
com 40% da sua capacidade normal de armazenamento, enquanto a segunda
(Calmon) está com um volume útil 50% abaixo da sua capacidade o normal.
As altas temperaturas e a baixa vazão do principal manancial de
abastecimento formam um cenário de estresse no sistema de abastecimento
existente. A SEMARH já colocou em prática o seu plano de contingência
que trata destas questões, e de como é possível enfrentar esse período
de estiagem sem a adoção do racionamento. “Uma das ações, com certeza, é
incrementar a campanha pelo uso racional da água”, afirmou o Secretário
Valdecir Marcolino.
Para o secretário, a situação requer atenção, já que a cidade atravessa
um período hidrológico extremamente desfavorável. Por causa disso, um
novo poço foi perfurado na região da nova escola do SESI, e que está
sendo interligado diretamente à Estação de Tratamento de Água,
localizada no Jardim Belém. A operação é uma tentativa de manter o
sistema de abastecimento equilibrado, mas se não houver economia de água
por parte da população, o reforço no abastecimento poderá não ser
suficiente.
“O importante, neste momento, é garantir que estamos realizando todas as
ações necessárias para tentar manter o abastecimento de água sem
interrupções programadas, de forma a atender a demanda de água nas
residências, comércios e serviços essenciais. Mas se não houver
colaboração por parte da população, poderá não restar outra alternativa
senão o racionamento de água”, afirmou o secretário da SEMARH,
O ano de 2021 foi o que registrou o menor índice de chuvas desde 2015,
quando a cidade registrou precipitação entre janeiro e setembro em torno
de 1.211,7 mm. De acordo com os dados da
SEMARH, em 2021 a precipitação para o período de janeiro a setembro
ficou em torno de 490,60 mm, índice ligeiramente acima da crise hídrica de 2014,
quando a cidade registrou precipitação de cerca de 414 mm para o mesmo
período.
Além da falta de chuvas, também foi registrada a ocorrência de altas
temperaturas, inclusive no inverno, que terminou com o dia mais quente
do ano até o momento (cerca de 40º), bem acima da média da região. Isso
também favorece a evaporação de rios e lagos, e a evapotranspiração das
plantas, causando prejuízos aos agricultores e transtornos para as
atividades que dependem de água, como o serviço de saneamento.
“A estiagem já está em seu período mais crítico. Estamos há mais de 120
dias sem chuva, e por isso estamos intensificando a campanha de uso
racional de água, para que assim possamos evitar a adoção de medidas
mais drásticas. A prefeitura pede que os donos de veículos evitem de
lavar seus carros, que as donas de casa não lavem as calçadas, que a
população desligue a torneira ao escovar os dentes, que tomem banhos
rápidos e que reaproveitem a água da máquina de lavar. Só assim
poderemos vencer essa grave crise hídrica que estamos atravessando”,
concluiu Valdecir Marcolino.

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