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Brasil volta ao ranking de crianças sem vacina, mesmo com melhora na
cobertura Desinformação, abandono de doses e falhas na busca ativa contribuem para baixa cobertura vacinal, dizem especialistas. |
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O país ocupa a 17ª posição na lista dos que têm mais crianças não vaci-nadas. O dado considera a aplicação da primeira dose da vacina tríplice bacteriana (DTP), também chamadas zero dose, que protege contra difteria, tétano e coqueluche. Segun-do o Unicef, ela foi escolhida como indicador por ser uma das primeiras do calendário infantil, ampla-mente utilizada no mun-do, com histórico de alta cobertura e baixo custo. Em 2024, 2,3 milhões de crianças haviam recebido a primeira dose da DPT no Brasil. No mesmo ano, 229 mil não haviam recebido nenhuma dose dessa vacina no país. A cober-tura, no entanto, tem apre-sentado melhoras: passou de 84% em 2023 para 90% em 2024, de acordo com o Unicef. Ainda assim, o país está abaixo da meta de 95%, conside-rada ideal para garantir a proteção coletiva. Apesar disso, os próprios dados do Unicef mostram avanço: o Brasil reduziu o número de crianças "zero dose" de 418 mil em 2022 para 229 mil em 2024. Para o infectologista Rodrigo Lins, presidente da Socie-dade de Infectologia do Estado do Rio de Janeiro (Sierj), o país começou a melhorar as taxas de cobertura vacinal a partir de 2023, mas houve uma queda que começou ainda antes da pandemia da Covid-19.Por volta de 2015 e 2016, o PNI (Programa Nacional de Imunizações) garantiu a eliminação de doenças como sarampo e poliomielite, o que reduziu o senso de urgência em relação às vacinas. "As pessoas pararam de ver essas doenças, para-ram de ouvir falar de casos graves e passaram a achar que não era mais necessário vacinar", afirma o infectologista. A partir de 2018, um movimento antivacina começou a ganhar força no país, em sintonia com o que ocorria em outras partes do mundo. A disseminação de informações falsas, especialmente nas redes sociais, fragilizou a con-fiança da população. "A gente vive uma era de infodemia [epidemia de de-sinformação]", afirma Chrystina Barros, doutora em administração e especia-lista em gestão de saúde. Entre 2020 e 2022, a pandemia agravou o cenário. As unidades básicas de saúde, que fazem a vacinação infantil, não che-garam a fechar totalmente, mas precisaram reorgani-zar atendimentos e ada-ptar estruturas. Parte dos profissionais foi direcionada para o combate à Covid, e as campanhas de imunização infantil perderam prioridade.
Quanto à segunda dose, o índice caiu de 95% para 80% entre 2001 e 2002 e ficou abaixo de 80% por mais de uma década. Entre 2019 e 2024, permaneceu abaixo de 70%, atingindo o menor nível em 2020, com apenas 44%. No ano passado, subiu para 68%. "Estamos melhorando, mas ainda temos muito a recuperar", afirma Lins. O abandono do esquema vacinal também é uma preocupação, aponta Chrystina Barros. Regiões como Norte e Centro-Oeste apresentam altos índices de crianças que iniciam a vacinação, mas não voltam para completar as doses. A taxa de evasão entre a primeira e a segunda dose da vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), por exemplo, ultrapassa os 50% em 14 estados brasileiros, entre eles Acre, Pará, Amapá, Maranhão e Mato Grosso do Sul, segundo o Anuário VacinaBR 2025, elabo-rado pelo IQC (Instituto Questão de Ciência) com apoio da SBIm e parceria do Unicef. O Ministério da Saúde afirma que o Brasil vem avançando na imunização infantil desde 2023. Segundo a pasta, 15 das 16 principais vacinas do calendário nacional registraram aumento na co-bertura no último ano.
"O avanço da vacinação em todo o território nacional é resultado das
ações de incentivo promovidas pelo Ministério da Saúde, como a vacinação
nas escolas, a retomada das grandes mobilizações, ações de
microplanejamento adaptadas às realidades locais e a garantia do
abastecimento de vacinas", diz a pasta em nota. Cobertura vacinal em Descavado
Veja abaixo os índices locais de cobertura de algumas vacinas: Cobertura vacinal - Dezembro/2024: Ao nascer: BCG – 127,57%; Hepatite B – 124,92% Menores de 1 ano de idade: Hepatite B – 105,57%; DTP – 106,23%; Penta – 105,90% 1 ano de idade: DTP – 107,54%; Tríplice Viral (1ª dose) – 106,56%; Tríplice Viral (2ª dose) – 108,85%; Pólio Oral Bivalente – 109,51% Adulto:
dTpa Adulto – 106,56% |
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