Mulheres praticantes de outros esportes também precisam
ter atenção ao uso de tops, segundo Moisés Cohen,
ortopedista, professor da Unifesp e diretor do Instituto
Cohen de Ortopedia, Reabilitação e Medicina do Esporte.
"A flacidez não é uma consequência da corrida em si, mas
sim reflexo do movimento dos seios, que acontece também
em atividades com saltos."
Para corredoras que possuam prótese de silicone nos
seios, a orientação é checar com o cirurgião plástico
que cuidados devem ser tomados. "É preciso verificar com
o médico se a prótese colocada suporta bem esse
balanço", diz Souza.
Segundo o médico, apesar do efeito sobre os seios, é
incorreto dizer que a corrida causa flacidez em outras
partes do corpo que também estão sujeitas a balançar
durante a atividade, como a pele do rosto e os glúteos.
"Nessas regiões não se tem tecido com peso necessário
para causar estiramento das fibras", afirma Souza.
Tathiana Parmigiano, ginecologista especializada no
atendimento de esportistas, alerta que mulheres atletas
que se alimentam mal e não se hidratam o suficiente
podem ter a firmeza da pele prejudicada como um todo.
"Pode haver uma queda nos níveis de estrogênio [hormônio
feminino], provocando uma desidratação da pele a nível
celular, o que leva a uma perda de elasticidade." Para
Parmigiano, no entanto, o exercício sozinho não causaria
flacidez.
RISCO DE LESÕES
Correr com sustentação insuficiente nos seios eleva
significativamente a força exigida das pernas,
aumentando o impacto contra o chão em até 27%, o que faz
crescer o risco de lesões.
As conclusões foram encontradas pelo Grupo de Pesquisa
da Saúde da Mama da Universidade de Portsmouth, na
Inglaterra, que, desde 2005, analisa em laboratório
mulheres com seios de diferentes tamanhos realizando
exercícios físicos e atividades cotidianas.
De acordo com as pesquisas, tops esportivos reduzem a
atividade do músculo peitoral em torno de 55%.
Em seus estudos, o grupo conseguiu mapear a trajetória
do movimentos dos seios, que, além do deslocamento no
sentido vertical --o mais fácil de ser notado--, também
se movem para os lados e de dentro para fora durante os
exercícios.
O "desenho" do deslocamento dos seios aproxima-se ao
formato de uma borboleta ou de um número oito. "Eles se
movem independentemente do corpo durante a corrida,
sendo que 50% do movimento ocorre na direção vertical,
25% para frente e para trás e de 25% no sentido
lateral", diz Debbie Risius, pesquisadora sênior do
grupo, em entrevista à Folha.
Os efeitos em relação à flacidez dos seios, contudo,
ainda não foram pesquisados pelo grupo. "Sentir dor no
seios durante o exercício, naturalmente, pode indicar
algum dano aos tecidos, no entanto não temos certeza dos
efeitos a longo prazo", diz Risius.
Até 72% das mulheres, segundo estimativas do grupo,
apresentam dor nos seios durante a prática de
exercícios.
TOP DE COMPRESSÃO
Com preços que chegam a R$ 160 --em média, três vezes
mais caros do que um modelo comum--, os chamados tops de
compressão prometem que os seios balancem o mínimo
possível durante o exercício. O diferencial dessas
peças, fabricadas por marcas de artigos esportivos, é o
tecido mais firme, que "prende" melhor os seios.
Apesar de ter de ficar justo, o top precisa,
especialmente, ser confortável de vestir. "Se ficar
muito apertado, pode causar dor, assaduras na pele e até
limitar o movimento respiratório", alerta Souza, que
indica que as corredoras tenham tops que se ajustem bem
também no período menstrual, quando os seios costumam
ficar mais inchados e doloridos.
Para Adriana Piacsek, treinadora especializada em
corrida para mulheres, o modelo de top deve ser
escolhido de acordo com a preferência de cada corredora.
"Tem gente que gosta mais do modelo nadador [em formato
de "x" nas costas], porque dá um suporte maior, mas tem
outras que preferem alças retas. O importante é se
sentir bem."
*Fonte: Folha de S. Paulo
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