27/07/2017 (20H00)  |  Atualizado às 20H23

Após invasão, quiosques
da Fepasa encontram-se em
estado de conservação deplorável

Comerciantes e moradores da região estão cansados de cobrar uma solução da Prefeitura.
Acreditem ou não, assessoria do prefeito afirmou que a culpa é da administração passada.

Nesta quarta-feira, dia 26 de julho, moradores e comerciantes da região do Parque Linear "Brasilina Ravazi Reschini", mais conhecido como Praça da Fepasa, celebraram uma data que em nada enseja motivos para uma comemoração. Há exatamente seis meses, 2 dos quiosques contruídos em 2012 [época em que Antonio Carlos Reschini - o Becão - ocupava o cargo de vice-prefeito do município] foram invadidos por moradores de rua, que alegando não ter lugar para ficar, ocuparam os imóveis. De lá para cá, a situação fugiu completamente do controle e ambos os quiosques foram completamente destruídos, inclusive por conta de incêndios. O caso [ou descaso] ficou conhecido como "Meu Quiosque Minha Vida".

O DESCALVADO NEWS vem acompanhando o problema desde o mês de fevereiro, quando o assunto foi abordado iniclamente pela coluna Politicando. Já no início do mês de março, foi veiculada a notícia de que um dos quiosques havia pegado fogo, e no início de junho, o outro imóvel invadido também acabou incediado. Apesar das reclamações de moradores e dos comerciantes da região, bem como das cobranças por parte da vereança, absolutamente nada foi feito por parte do Poder Público.

Na manhã desta quinta-feira (27), a reportagem do DESCALVADO NEWS esteve no local para verificar a situação em que se encontram os quisoques invadidos. Antes, conversamos com o proprietário de um dos estabelecimentos instalados em outro quiosque da mesma região. Com medo de represálias, o comerciante pediu para não ser identificado. Segundo ele, a situação na região dos quiosques invadidos chegou em um ponto crítico. "Estamos cansados dessa situação! Cansamos de ir reclamar na Prefeitura, de pedir providências para que essa pouca vergonha seja resolvida. Ninguém nos ouve, e o que é pior, absolutamente nada foi feito desde que essa história começou", desabafou o comerciante.

Ainda de acordo com ele, desde que pegou fogo, não há mais ninguém morando nos dois quiosques, mas os locais são usdos todas as noites para o consumo de drogas, para relações e programas sexuais, e para a prática de outros atos ilícitos. "Não é só a gente que tem comércio aqui que tem medo. Os clientes foram embora e quem mora aqui perto também tem muito medo. Já roubaram toda a fiação da praça mais de uma vez, e tem moradores de casas perto daqui que já foram roubados durante a noite. Todo mundo está com medo!", relatou o comerciante.

Ouvimos também um morador de uma residência localizada na Rua José Bonifácio, nas proximidades com a Rua D. Pedro II, local onde estão instalados os quiosques. Alegando os mesmos motivos do comerciante, o aposentado pediu para não ser identificado, já que teme pela sua segurança e da sua família. "Olha moço, o que eu posso te dizer é que eu nunca imaginei que a gente ia passar pelo que estamos passando ultimamente. Nunca fizemos mal pra ninguém sabe, mas de uns tempos pra cá, temos que viver trancados dentro de casa, porque a gente não sabe o que eles [os frequentadores dos quiosques invadidos] podem fazer com a gente. Dá muito medo, ainda mais quando as minhas netas vêm aqui em casa. Elas não podem nem brincar mais na rua!", contou ele.

ESTADO DEPLORÁVEL - Após ouvir os depoimentos dos comerciantes e dos moradores, a reportagem do DESCALVADO NEWS foi até os quiosques para confirmar a situação de abandono que o local se encontra. Não fosse pelas fotos a seguir, talvez apenas a narrativa do que foi encontrado ali seria insuficiente para retratar o estado de total abandono que os quiosques estão.

Apenas olhando os dois imóveis pelo lado de fora, já é possível comprovar que o fogo que atingu os quiosques provocaram sérios danos em ambos. Vitrôs e vidros quebrados, portas de aço queimadas e enferrujando, uma porta de ferro que foi arrancada com o próprio batente jogada no chão, pedaços de reboco, pedras decorativas e madeiramentos destruídos ou danificados, e muita, mas muita sujeira demonstram o que a inércia do poder público vem causando naquele que já foi considerado um dos cartões postais do município.

Já nas imagens a seguir, também é possível ver que mesmo com a destruição completa dos quiosques, de fato eles ainda permancem frequentados por usuários de drogas e outros indivíduos. Objetos de uso pessoal como blusas, calçados, bolsa de mulher, toalha, corda, colchões improvisados por aquilo que parece ser grandes almofadas, além de um fogão improvisado com tijolos e uma grelha, dão indícios claros de que o local realmente está sendo utilizado de forma frequente.

Mas o que realmente impressiona é o estado do qual se encontram o interior dos 2 quiosques. Destruídos totalmente pelas chamas, os imóveis estão com os revestimentos e os pisos totalmente destruídos, sem qualquer condição de reparo. Também há restos de rebocos e pedaços de pisos e azulejos amontoados dentro dos 2 locais, onde também é possível encontrar restos de comida, garrafas vazias, restos de um colchão queimado e o que é pior, o encanamento que servia as pias da cozinha estão vazando sem parar.

A água está empoçada por todo o interior dos quiosques e corre para o lado de fora em grande quantidade. O cheiro de fumaça e o forte odor tambem impedem que qualquer pessoa permanceça dentro dos imóveis por muito tempo. Realmente uma cena que só pode ser compreendida parcialmente por meio das fotos abaixo:

Todo este cenário de destruição e abandono em nada lembra o local construído e entregue pela Prefeitura de Descalvado há cerca de 5 anos. Vale ressaltar que até o início de 2015, o quiosque número "1" era utilizado como ponto de apoio para o programa "Café Solidário", que foi suspenso para readequações e agora aguarda a reativação justamente por ser uma das promessas de campanha do Prefeito Becão. Em 2016, o local também chegou a ser utilizado pela equipe da Divisão de Cultura para a realização de alguns projetos, dentre eles o "Natal Iluminado".

VEREADORES TAMBÉM COBRAM UMA SOLUÇÃO - Não é de hoje que o problema da invasão e abandono dos quiosques do Parque Linear tem sido motivo de reclamações. Também na Câmara Municipal, alguns vereadores já cobraram do prefeito e da sua equipe uma solução para o problema, como foi o caso do vereador Paulinho Gabrielli (PPS). Outro parlamentar que cobrou de forma mais incisiva, foi o vereador e Presidente da Câmara, Luisinho Panone (PSD), que inclusive voltou a cobrar uma solução durante a última sessão legislativa, realizada nesta segunda-feira (24).

Segundo Luisinho, esta seria a terceira vez que ele cobra uma atitude do prefeito para resolver o problema dos quiosques.

PREFEITURA - Questionada, a Prefeitura Municipal, por meio da assessoria de gabinete do prefeito, afirmou [acreditem ou não] que a culpa do problema da invasão dos quiosques é da administração passada, e das dívidas que foram herdadas.

Sobre uma solução para o problema, a assessoria do Becão afirmou que "atualmente a Procuradoria Geral, em conjunto com o setor de Obras, está preparando um chamamento público em busca da iniciativa privada, permitindo a cessão de uso com o ônus da reforma, o que deve ser finalizado no prazo de dois meses".

A pergunta que fica no ar é que, se a 'culpa pela invasão e destruição dos quiosques' é do saudoso Prefeito Henrique Fernando do Nascimento, quando então foi a data da posse do atual prefeito? No dia 27 de janeiro de 2017?