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16/06/2013
(18h12) - Atualizado às 20h24

CRÔNICA

"Na política não há amigos, apenas conspiradores que se unem"

Com a proximidade do fim dos intermináveis recursos junto ao TSE, bastidores da política descalvadense já fervem, e as traições (de novo) começam a pipocar

Por Mário Zambelli

Se você é um daqueles que têm achado as últimas sessões legislativas muito calmas, sem grandes manifestações políticas, ou mesmo percebendo que alguns vereadores andam mais tranqüilos ao se pronunciarem na tribuna da Casa da Democracia, certamente você não está a par de como andam os bastidores da política em Descalvado.

Essa aparente calmaria reflete na verdade aquilo que é muito bem explicado em um conhecido ditado popular: "Dar o tapa e esconder a mão!".


É notório que o clima na Câmara Municipal, em especial nas últimas duas sessões legislativas, anda bastante tranquilo. À exceção do vereador Edevaldo Guilherme (PMDB), que em seus pronunciamentos na tribuna traz (e cobra explicações) toda semana a respeito de novas denúncias e irregularidades na atual administração interina, os demais vereadores andam meio que "pisando em ovo", o que tem causando estranheza em muita gente.

Estamos nos aproximando dos quarenta e cinco minutos do segundo tempo, e em breve o juiz dessa partida irá mandar subir a placa informando o tempo exato da prorrogação, que na verdade serão os trinta dias de uma nova campanha eleitoral, onde finalmente se encerrará essa disputa eleitoral iniciada a quase um ano. Pois é, você não leu errado: daqui a vinte dias, completaremos um ano de uma disputa eleitoral que em tese, deveria durar apenas três meses, mas que na prática, após decorrido um ano, mostrou-se um grande fiasco. Além de não sairmos do lugar, a sensação é na verdade a de que andamos para traz!

Desde o dia 6 de julho do ano passado, quando teve início oficialmente a campanha eleitoral, a população de Descalvado presenciou a maior baixaria eleitoral de toda a sua história. Convenhamos que ao analisarmos o histórico e o currículo de boa parte dos envolvidos nas confusões que presenciamos, não era pra menos não é verdade? Passados quase 365 dias de muita mentira, de muita armação e de muita conversa fiada, até agora não conseguimos escolher quem é que vai comandar este nosso barco, que infelizmente, há tempos, dá sinais de que está afundando!

E diante de tantas "maracutaias" e incertezas, é claro que o clima na Câmara não poderia ser outro. Se alguns dizem que na vida a melhor defesa é o ataque, na política um enorme sorriso ou um forte abraço pode ser a premissa de que "chumbo grosso" vem por aí. Com cinco vereadores estreantes no cargo, dois remanescentes da última legislatura e outros quatro que mesmo chegando agora, já possuem grande experiência na vereança, a mescla de ideologias e partidarismos garantem vaga para as incertezas e as desconfianças nos bastidores do legislativo. Sabidamente (e mesmo com a negativa de alguns deles), ainda há resquícios bem claros dos dois grupos adversários nas eleições de outubro. Com pelo menos duas trocas de posição nesse tabuleiro, o grupo que apoiou José Carlos Calza (PSDB) ainda leva uma ligeira vantagem numérica no número de cadeiras que compõe a Casa da Democracia. E nesse "troca-troca" e nesse "diz que me diz ", dois coringas também são alvos de grande especulação, o que deixa os outros nove sempre com um pé atrás.

As cartas dessa jogatina política só não estão à mesa pela simples razão de que em ambos os grupos, há divergências muito grande de opiniões. Se de um lado, a briga é pra saber quem será o candidato à vice, do outro a briga é para saber quem é o candidato majoritário. Muito se especulou (inclusive por este comentarista político que lhes escreve), de que haveria a possibilidade de termos quatro candidatos à prefeito nesta nova eleição suplementar. Ao analisar o comportamento dos gurus da política local, que permaneceram longe de todas as polêmicas e escândalos desde o final da campanha de 2012, fica claro que eles já sabiam todo o desenrolar dessa situação de indefinição. No final, a disputa principal ainda será entre a turma do azul e amarelo (PSDB), e que agora mesmo a contra-gosto de alguns, terá que ceder espaço à turma do vermelho e preto (PMDB), contra a turma do vermelho e amarelo (MD).

Ainda existe a hipótese de mais dois coadjuvantes participarem desta disputa, mas ao analisarmos friamente o atual cenário, é improvável que isso venha a acontecer. A primeira delas, seria uma possível candidatura, inclusive já anunciada, da atual Presidenta da Câmara, a vereadora Paula Peripato (PT). No início, houve a impressão de que a candidatura da Paula poderia até deslanchar, mas com o passar do tempo e verificando a dificuldade do PT em conseguir outros aliados para compor uma chapa, fica claro que a pré-candidatura do PT vêm perdendo forças, com especulações inclusive, de que o partido estaria estudando um convite para disputar com um cargo de vice-prefeito. A segunda hipótese de uma candidatura coadjuvante você vai descobrir um pouco mais adiante neste texto.

Voltando a falar das duas principais candidaturas que deverão acontecer nesta eleição suplementar, as disputas internas de cada grupo fica por conta das divergências pessoais de cada um dos seus membros. Na defesa de interesses particulares ou na queda de braço para medir forças, ambos os grupos não estão totalmente unidos em volta de um único nome, seja para prefeito ou para seu vice.

De um lado, Luiz Carlos Vianna (MD) é unanimidade na condição de candidato à prefeito dentro de seu grupo, mas que tem na escolha do nome do seu vice uma verdadeira incógnita. Com fortes indícios em torno do nome de Flávio Luiz Ancetti (MD) para compor com Luiz Carlos uma dobradinha na nova eleição, ainda há dentro daquele grupo, divergências com relação à escolha do vice. O que é fato neste grupo, mas para quem está de fora parece não ter muita importância, é que eles têm ao seu lado o novato Guto Cavalcante (PTB), segundo vereador mais votado em 2012 e quase uma unanimidade entre todos os possíveis candidatos à prefeito, que de forma direta ou indireta, já o assediaram para ocupar o cargo de candidato à vice-prefeito nesta nova eleição. Pelo visto, o vereador não goza do mesmo prestígio no seu próprio quintal. Lembrando que um dos comentários que mais se houve na cidade é justamente a respeito da importância na escolha do vice-prefeito, já que ao invés de somar votos, os candidatos poderão perdê-los com uma escolha mal feita.

Já o atual vereador Henrique do Nascimento (PMDB), também dispara na preferência dos membros que compõe a sua base aliada. Porém Henrique ainda traz consigo a sombra e as lembranças de ter sido duramente atacado e criticado durante a campanha do ano passado, pelas mesmas pessoas que agora tentarão defendê-lo. Henrique hoje se vê cheio de afagos pelas mesmas mãos que o apedrejaram a pouco tempo atrás. Quem não se lembra da montagem lançada em todos os colégios eleitorais no dia da eleição, em que os membros do seu próprio grupo mandaram confeccionar e distribuir, sem o seu conhecimento, um panfleto onde Pinho lhe dava um beijo, com os seguintes dizeres logo abaixo: "As vezes fazemos escolhas erradas que nos marcam para toda a vida, por isso eu digo e reafirmo, Sou + Calza e Pinho" ? Recordo que naquele dia conversei com Henrique na frente do ginásio escola e ao perguntar à ele sobre o panfleto, com "sangue nos olhos" ele me respondeu que o responsável pela "brincadeira de mau gosto" iria pagar caro por aquilo. Aproveitei então e o questionei sobre os autores da "armação", e mais calmo, ele acabou confirmando as minhas suspeitas.

E foi recordando esta história que escolhi o título desta crônica: "Na política não há amigos, apenas conspiradores que se unem". A frase é do jornalista e escritor norte-americano Victor Lasky, autor de diversos best-sellers que narram a trajetória de alguns políticos dos Estados Unidos, inclusive a do ex-presidente John F. Kennedy, durante o exercício de seus mandatos.

Mas voltando à nossa pequena Descalvado, mesmo tendo a preferência dos "calzistas" em torno do seu nome, Henrique ainda têm uma pequena pedra em seu sapato, já que alguns membros dentro da sua base, principalmente aqueles que estão se beneficiando (e muito) com o descontrole da atual situação,  sinalizam ter a preferência pelo novato Anderson Sposito (DEM), que ainda demonstra inexperiência no comando da administração municipal, mas em determinados momentos já demonstra ter pego o "jeito do negócio". E é dele a segunda hipótese de uma possível candidatura coadjuvante que podemos ter nestas novas eleições, já que batendo o pé e contrariando assim os interesses de gente graúda, o atual prefeito diz que será candidato com ou sem o apoio do grupo.

Porém, para que essa terceira opção para o eleitor venha de fato ocorrer, Sposito precisa de um nome forte e experiente para compor ao seu lado uma possível candidatura, já que pelos comentários da última semana, o vereador Helton Venâncio (PSDB), com quem Sposito dava por certo uma dobradinha, teria acertado a sua candidatura com Henrique, o que teria causado inclusive, segundo a "rádio corredor" do Palácio do Povo, uma grande discussão entre Pinho da Cabana (DEM) e Calza, já que desde o início desde governo transitório, Sposito e Pinho estariam agindo de acordo com os interesses do grupo de Calza, e que agora os abandonam.

Quem acompanhou uma cena a cerca de vinte dias atrás, durante uma sessão legislativa, onde um secretário de Sposito recebeu uma ligação no seu celular e levou o telefone até o vereador Edevaldo, algoz declarado do prefeito interino, entendeu perfeitamente o teor da conversa e quem estava do outro lado da linha, deixando clara a situação em que se encontra o atual prefeito.

Usado como peça chave numa manobra política que passou a perna no experiente Ricci, que já sentia a "textura da caneta" em seus dedos, Sposito teve a chance da sua vida ao conseguir assumir o cargo de prefeito municipal, sem ao menos ter se candidatado para isso. Mas, sem nenhuma tarimba política e sem se dar conta do ninho de cobras em que se enfiou, o atual prefeito não percebeu que foi usado todo esse tempo para cumprir (e pagar) todas as promessas que não eram suas. O fardo acabou se tornando pesado demais e talvez, ao acordar do sonho (tarde demais!), Sposito agora perceba que dificilmente terá o apoio que lhe prometeram lá atrás.

Lembro-me de uma conversa que tive com ele a cerca de dois meses e meio atrás, comentando a respeito da sua possível candidatura à nova eleição. Muito animado, ele me disse acreditar ter boas chances de vitória e que o pior já havia passado. Perguntei à ele ainda, como ficariam o apoio dos cargos de confiança que ele e o Pinho haviam escolhido para compor seu governo temporário, e em especial de um ou dois de seus secretários. Aparentando-me ter absoluta certeza do que falava, Sposito garantiu ter o apoio de todos eles. Não sei se ao ouvir essa afirmação do prefeito, que por sinal foi umas das últimas conversas particulares que tivemos, ele tenha percebido a minha expressão de espanto ao ouvir dele tal afirmação.

Devido à sua inexperiência política, Sposito não se deu conta de que a "dança da cadeira" na qual ele brincava junto ao grupo aliado do ex-prefeito Calza só tinha uma vaga, e agora que o maestro que comanda a banda decidiu que está na hora da brincadeira acabar, já foi feita a escolha de quem irá se sentar quando a música parar de tocar. E infelizmente para ele, o pior ainda poderá estar por vir, já que com os rumores de uma suposta CPI a ser aberta na Câmara, poderá fazer com que ele pague esta conta sozinho, o que não seria justo, pois as cobras que ele alimentou durante esses meses, já estão lhe dando adeus!

Certa vez, o ex-presidente americano Ronald Reagan disse uma frase que ficou conhecida no mundo todo: "Política é como o show business: você tem uma estreia fantástica, desliza por algum tempo e acaba num inferno."

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