29/09/2013 (17h20) - Atualizada em 30/09/2013 às 10h25

CRÔNICA

A velha e conhecida 'tática da pressão' ataca novamente

Na ânsia pelo poder a qualquer preço ou pela sobrevivência nos cargos comissionados, apoiadores (ou melhor dizendo aproveitadores) do prefeito interino, lançam um ataque sem precedentes por parte do Poder Executivo sobre o Legislativo

Por Mário Zambelli

Que a batalha contra a exploração e a corrupção nunca foi fácil não é novidade para ninguém! Que o diga José Joaquim da Silva Xavier - o Tiradentes, que após anos de luta para libertar o seu estado da exploração imposta pela coroa portuguesa, no episódio que ficou conhecido como a "Inconfidência Mineira", que tentava livrar a então colônia da tirania e das mazelas do império, acabou enforcado no dia 21 de Abril de 1792, em uma manhã de sábado que ficou marcada para sempre na história do nosso país.

Para quem não se recorda, naquela época a coroa portuguesa instituiu um dispositivo que previa que 1/5 de todo o ouro produzido pela colônia deveria ser retido e enviado ao Rei. Esta prática de cobrança de valores foi chamada de 'Derrama', e foi um dos estopins para que os 'homens-bons' (proprietários rurais, comerciantes e membros da classe mais abastada da época), além de intelectuais, religiosos e até mesmo os militares, começassem a se reunir e conspirar contra o império e a coroa portuguesa.


Mas, como a força do reinado português ainda era grande, muitos daqueles que também não se conformavam com aquela situação imposta pelos seus governantes, intimidavam-se diante daqueles faziam parte do reinado e da coroa. Existiu ainda neste período da nossa história, relatos de que boa parte do que era obtido com a "Derrama' não chegava até a Sua Majestade, sendo desviado pelas próprias pessoas que representavam a coroa, e que sem qualquer pudor e lealdade ao Rei, aproveitavam-se de cada oportunidade surgida.

O episódio da Inconfidência Mineira tentava eliminar a dominação portuguesa sobre Minas Gerais, livrando-os da corrupção e da infâmia ali instalados, já que como todos sabem, o estado era um grande produtor de riquezas da colônia brasileira. A história ainda nos conta que o próprio Marques de Pombal chegou a descrever que o método de captação de riquezas que estava sendo aplicado poderia levar não somente o estado de Minas Gerais à total miséria e decadência, mas também a própria colônia brasileira.

Contam ainda alguns historiadores, que foi justamente a cobrança da "Derrama', que captava 1/5 das riquezas produzidas, que deu origem à expressão "o quinto dos infernos".

E assim, com nossa aula de história quase concluída (terminarei esta crônica contando o seu final), podemos dizer à grosso modo e por analogia, que a cidade de Descalvado hoje encontra-se exatamente na condição na qual o estado de Minas Gerais vivenciava em meados do século XVIII.

Não só pelas notícias de uma 'Derrama' nos cofres públicos, que 'vira e mexe pipocam'  nas redes socias e nas conversas de botecos, chegando ao cúmulo de se ter a notícia de que foram gastos por volta de um milhão de reais na festa de aniversário da cidade, mas também pela perseguição e pressão nos bastidores da política, que envolvendo pessoas do alto escalão da Prefeitura Municipal, tentam a todo custo manter-se no poder e principalmente, continuando a garantir a sua 'boquinha'.

Todos sabem que tal situação chegou neste ponto graças ao imbróglio que se formou após o fatídico pleito eleitoral de 2012. Não vou me estender nesse assunto, pois acho que ele já está mais do que discutido e compreendido por todos. Mas há que se destacar, de que até mesmo para aqueles que no início desta 'confusão dos diabos' instalada na nossa pequena cidade, onde parte da farra e do caos foram meticulosamente planejados, hoje causa-lhes um tremendo espanto! Este final descontrolado, desenfreado e por que não dizer, insuportável, certamente não fazia parte de nenhum plano.

Mesmo as mentes mais calculistas e experientes da nossa política, não poderiam prever que aquela manobra fundamentada em traições, e que levou ao poder a inexperiência em pessoa, poderia prever que tal situação se instalasse em tão pouco tempo. Aliás, muitos daqueles que começaram como meras criaturas dos tubarões, hoje demonstram ter aprendido o jogo rapidamente, e com as mesmas armas sujas, de forma vil voltam-se contra os seus próprios criadores. É aquela velho ditado: "Tudo que vai, volta!"

Dito isto, nessa última semana a coisa esquentou lá pelos lados da Câmara Municipal. Tudo começou na sessão legislativa do dia 23 de setembro, quando foi lida em plenário o pedido de abertura de uma CPI contra o atual governo interino. O pedido é baseado nas denúncias de um munícipe, que protocolou no legislativo um documento na qual pede uma investigação a respeito de supostas irregularidades na contratação de Antonio Aparecido Reschini para o cargo de Secretário de Finanças, além de um contrato que o município mantém com o vereador Argeu Reschini, que segundo um semanário local, seria vedado pela Constituição Federal. O documento protocolado pelo munícipe também denuncia que pode ter ocorrido nepotismo, já que houve algumas nomeações de parentes em diversos cargos comissionados.

Segundo algumas fontes, o vereador Argeu chegou a ameaçar alguns colegas vereadores, afirmando que se o seu contrato com o município está irregular, outros vereadores também estariam na mesma situação. Se isso de fato ocorreu não foi possível confirmar, mas aparentando muito nervosismo, naquela mesma noite, Argeu e sua família também vieram tirar satisfação com este jornalista a respeito de uma matéria que estamos produzindo, e que apura denúncias sobre a condenação de três vereadores em um processo de devolução de dinheiro aos cofres públicos. Em tom quase ameaçador, o vereador tentou insinuar de que não queríamos publicar a nossa reportagem, uma vez que o DESCALVADO NEWS, segundo as suas palavras, já havia indagado os envolvidos sobre o processo e nada foi publicado ainda.

Confesso que fui pego de surpresa com a reação do nobre edil, o que me causou num primeiro instante um certo espanto. Mas, em poucos minutos de conversa, ficou claro pra mim que aquela reação retratava pura e simplesmente o nervosismo e o descontrole do legislador, o que reforçou a informação recebida sobre o que teria acontecido momentos antes na Sala de Comissões da Câmara Municipal. Ao menos, houve tempo de dizer ao vereador e aos seus familiares, de que ainda estamos no meio da nossa investigação e de que o nosso trabalho, assim como foi feito com a reportagem que trouxe as denuncias sobre a suposta irregularidade na nomeação do seu irmão para o cargo de Secretário de Finanças, preza sempre pela verdade e pela imparcialidade. Só não deu tempo de perguntar ao vereador o por que ele e o irmão não pediram ao veículo de comunicação do grande parceiro e atual Secretário de Administração, para publicarem as mesmas denuncias que estamos investigando, já que eles têm tanta certeza daquilo que afirmam.

Este pequeno episódio dá à você leitor, a noção exata de como está o clima no legislativo. É pressão até em cima de quem não vota! Mas aproveitando o gancho, eu gostaria de enviar uma mensagem à um dos nossos representantes do legislativo: já estou sabendo de algumas ameaças que você está sofrendo para votar favoravelmente aos interesses de algumas pessoas. Mas uma mudança de posicionamento nesta altura do campeonato será um estrago gigantesco em sua recente carreira política, além é claro, de ser injustificável para aqueles que lhe confiaram o voto. Todos que conhecem a sua história, o seu trabalho e a sua idoneidade, sabem que você jamais concordaria em participar de qualquer 'maracutaia', e se pessoas próximas venceram uma licitação honestamente por ter oferecido o melhor preço, isso jamais poderá manchar o seu nome e a sua carreira, motivo este pelo qual estão lhe ameaçando. Essa mudança, mesmo que imposta sob forte pressão, poderá dar margens à dúvidas e especulações, e que eu sei que não condizem com a realidade. Como você sabe, esse é um jogo muito perigoso, onde uma das principais armas é a honestidade e a convicção, e onde nesses quesitos, você já deixa lá pra trás aqueles hoje te ameaçam. As pessoas que sempre estiveram ao seu lado vão saber distinguir o que é armação e difamação, e a verdade será sempre a principal bandeira do DESCALVADO NEWS. Pense nisso!

Mensagem enviada, voltemos à nossa panela de pressão chamada de 'Casa da Democracia'. Ainda na mesma sessão do dia 23, aquele projeto de lei derrubado na sessão extraordinária do dia 6 de setembro, que autorizava a abertura de crédito adicional suplementar de quase quatro milhões de reais (cerca de 5% do orçamento anual em uma única 'paulada'), voltou à pauta legislativa, mas desta vez dividido em doze projetos. Os projetos foram protocolados no dia 19 de setembro, e não houve tempo hábil para uma análise das comissões.

Mais uma vez, o vereador Helton Venâncio, que ainda crê que a vaga de vice-prefeito junto com Sposito pode ser sua, novamente solicitou regime de urgência para todos os doze projetos, mesmo sabendo que em nenhum deles havia os pareceres. O pedido é claro (e "AI" dos vereadores se não tivessem feito isso), foi rejeitado.

Mais do que depressa, o prefeito enviou à Câmara o pedido de convocação de uma sessão extraordinária, para tentar aprovar os projetos ainda durante a semana, o que foi acatado pela Presidente Paula Peripato. Não sei se é por puro despreparo ou por pressão direta e descabida, a mensagem contida no ofício recebido pela Câmara foi enviada pelo prefeito de forma 'desafiadora', e segundo alguns vereadores, em um tom claro de desrespeito à casa de leis. Segundo um dos vereadores, o ofício tratou os edis de forma grotesca e quase imputando-lhes a obrigatoriedade de aprovação dos projetos de lei, o que deve ter deixado até o experiente 'Zé Dias' de cabelo em pé. Aqui eu faço questão de abrir um parênteses, e reforçando o que eu falei a poucos dias na última edição da Coluna "Politicando", parece que em nosso município tudo pode acontecer. Descalvado é hoje a única cidade do país onde o 'rabo é que abana o cachorro', e não o contrário!

O clima esquentou na noite de quinta-feira, dia em que a extraordinária foi marcada, e alguns vereadores, dentre eles Vick Francisco (PPS) e Dr. Rubens (PSDB) cobraram da Presidente um postura mais firme com o poder executivo, já que dentre os doze projetos de lei, haviam alguns claramente sem necessidade de urgência de aprovação. Dr. Rubens chegou a comentar a maneira com que as coisas estão acontecendo e disse que em todos esses anos de Câmara Municipal, nunca presenciou tal situação de descontrole e desrespeito com os vereadores.

Já o vereador Vick cobrou de forma mais dura da Presidente da Casa a desnecessária urgência em alguns dos projetos, e no mesmo tom, ouviu a resposta de que era necessário atender ao pedido do prefeito. O clima pesou de novo e demonstrou mais uma vez o desgaste político causado por toda essa situação de indefinição.

Por fim, o projeto que previa o repasse de mais um milhão e meio de reais à Associação da Santa Casa, que em 6 de setembro foi dito verbalmente pelo então secretário de finanças que era para o pagamento de salários, agora retornou sem esta justificativa, apenas com um ofício do secretário de saúde. O projeto acabou sendo aprovado, porém com a ressalva de que será preciso a prestação de contas a cada 15 dias, o que eu particularmente duvido que aconteça, já que um projeto parecido foi aprovado no começo do ano com a mesma ressalva e até agora nenhuma prestação de contas foi enviada. Ou seja, os vereadores de novo, acreditaram no 'conto da carochinha'.

A justificativa desta aprovação porém, segundo comentários, foi em razão de que um vereador (que é defensor da atual administração e tem ligações 'estreitas e familiares' com servidores da pasta de finanças e da própria Associação da Santa Casa), estaria afirmando pra todo mundo de que o salário do mês poderia não sair, pois os vereadores de oposição à Sposito estariam segurando os projetos na Câmara. Pura manobra política, que inflama o funcionalismo contra os trabalhos da Câmara, que com a pressão, acabam votando em projetos de lei sem a devida análise, o que é perigoso, já que com quase quatro milhões de reais pulverizados em doze projetos, sobram brechas para tudo quanto é lado!

Infelizmente, a tática de usar o funcionalismo para colocar pressão na Câmara, mais uma vez deixa a turma do 'quem quer dinheiro' com a faca e o queijo na mão. Até quando?

Ah, e concluindo a história de Tiradentes, para quem não sabe ou não se recorda, quando ele foi enforcado, seu corpo também foi esquartejado e os pedaços espalhados ao longo de algumas vilas, no estado de Rio Janeiro. Sua cabeça, foi pendurada bem alto em um poste, para que servisse de exemplo para toda a população. Espero que aqui não cheguemos à esse ponto, apesar de que eu já até imagino em qual poste a cabeça poderia ficar exposta!
 

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