Na última segunda-feira, porém, 22 de abril, o início da Sessão foi diferenciado, com a entoação dos hinos de Descalvado e Nacional em deferência à comemoração dos 148 anos de Emancipação Política do município, comemorados exatamente naquela data. Trata-se do registro histórico da elevação da então Freguesia do Belém do Descalvado ao status de Vila pelo Imperador Dom Pedro II, em 1865.

Em seu discurso, Paula além de mencionar as datas, fez um apelo aos seus pares e os convidou a uma reflexão: “A data, além de ser importante para Descalvado, serve como um momento de reflexão, porque não é possível que após 148 anos, em pleno século XXI, tenhamos que conviver com atos e posturas de verdadeiros coronéis que em nada contribuem com a nossa cidade, ao contrário. É preciso que essa cidade volte a caminhar, tanto eu quanto a população, esperamos que não se queira o poder apenas pelo poder, mas que se possa trabalhar verdadeiramente em prol de uma cidade cada vez melhor para todos”, disse.

Mantendo a sua postura polêmica, o vereador Edevaldo Guilherme Neves (PMDB) dentre os assuntos abordados na noite, levantou uma questão que disse, irá apurar: “Sobre as notícias do veículo andando na contramão na Rodovia Anhanguera, de onde estavam saindo ou o que estavam fazendo, isso não me interessa. O que interessa não somente a mim, mas à população é a informação de que o prefeito estava dirigindo o veículo com a sua CNH vencida. Bom, todos nós sabemos que o prefeito interino dirige pessoalmente o 001 [carro oficial], inclusive se deslocando a bares e comumente se vê o carro oficial parado defronte a sua empresa. Por isso eu peço à Presidência desta Casa, que oficie à Ciretran local, para que essas informações sejam prestadas”.

Além disso, o vereador falou a respeito de uma possível ‘fraude contratual’, referindo-se a problemas com uma empresa contratada pela Prefeitura para a realização do mutirão de limpeza na cidade e que inclusive foi objeto de reportagem da 34ª EDIÇÃO DO JORNAL ESCALVADO NEWS.  Segundo os trabalhadores, além do atraso no pagamento de seus salários e a retenção das carteiras trabalhistas, a empresa teria feito o registro de alguns deles em carteira de terceiros. “É obrigação do município, no caso a Prefeitura, fiscalizar. Podem ter certeza que processos trabalhistas virão e quem vai arcar com isso? Alguém tem que ser responsabilizado”, ressaltou.

Outro pronunciamento que mereceu destaque foi o do Vereador Luiz Carlos Vick Francisco (MD), o qual reproduziu reclamações por parte de munícipes quanto às precárias condições do Nosso Clube Sociedade Esportiva. “Eu recebi a informação que somente no bairro Morumbi, na região do Nosso Clube, foram confirmados sete casos de dengue. Vejam bem, eu não estou dizendo que os casos da doença aconteceram em razão do clube, mas todos sabem que aquele espaço está abandonado e que há muito água parada e condições propícias para a proliferação da dengue. É preciso fazer uma varredura no local, os órgãos competentes fazerem a fiscalização, não se pode deixar uma situação como essa”.

Com relação a este mesmo assunto, o vereador Pastor Adilson Gonçalves também se pronunciou, haja vista que foi autor de uma propositura onde solicita do Poder Executivo, a possibilidade da locação das dependências do Nosso Clube, aproveitando-se o complexo esportivo para a prática de esportes e recreação da população. O parlamentar disse que esteve no local e presenciou a possibilidade de focos do mosquito da dengue. “Não podemos nos esquecer que ao lado do clube existe uma escola e realmente aquele local está abandonado. Vigilância Sanitária, Secretaria de Saúde e demais órgãos competentes precisam agir. Quanto a situação em si do Clube, acredito que uma boa alternativa seria o Poder Público locar aquele espaço, pois a sua estrutura esportiva é grandiosa e com certeza, de lá, com o desenvolvimento de programas e ações, sairiam grandes atletas”, disse Adilson Gonçalves.

Em tom de desabafo, Sebastião José Ricci abordou mais uma vez a situação política de Descalvado e as ‘artimanhas’ que se utilizam alguns figurões da política para conseguir o que almejam. “Nada do que eu digo aqui é mentira ou invenção. Eu vou buscar as informações, ver o que está acontecendo. A fala do Ricci aqui nessa tribuna não é para criar mal estar frente aos adversários políticos, mas cumprir com o meu papel de representante do povo. Hoje em dia, a Câmara tem sido um dos grandes meios de divulgação dos fatos da nossa cidade, pois o que é dito aqui se propaga em nossa comunidade. Por isso, as palavras do Ricci não são meras especulações. Mas vejam vocês a que ponto chegam alguns da política de nossa cidade que, para atingir os seus interesses, se utilizam de pessoas sem escrúpulos, com ficha criminal, que não têm nada a perder. Mas percebam a diferença de quem está com a verdade: alguém que teve sua vida pública pautada pela decência e pelo respeito, ou um cidadão desabonado de credibilidade, dotado de uma índole perversa. Vejam quem é o crucificado e quem está crucificando?. Mas a minha arma é a minha conduta, o respeito que eu tenho com a população e minha família. O outro, tanto não tem crédito que tem que se encostar na Prefeitura”, proferiu o Vereador.

Outro que tem dado o tom das críticas é o vereador José Augusto Cavalcante Navas (PTB).  “A Prefeitura está muito falha, a população está tendo que conviver com diversos problemas, buracos pelas ruas, terrenos sujos sem que haja a devida fiscalização. Eu solicitei ao Poder Executivo que providenciasse a divulgação em jornal de circulação local, as notificações a proprietários de terrenos sujos e a resposta que eu obtive é que precisa ver se não vai haver constrangimento a essas pessoas? Como assim? O constrangimento é de quem tem que conviver com esse caos! Temos um Código de Obras e Posturas a ser cumprido”, disse.

O jovem parlamentar ainda levou à tribuna a informação de que a Secretaria de Educação e Cultura confeccionou aproximadamente 4.000 fichas de avaliação individual de alunos, com erros de português. “Vejam senhores, essas fichas saíram do NAE com erros de português, um dinheiro jogado fora, dinheiro público!”

Mas Guto foi além e falou em pressões sofridas pelas autoridades na administração pública. “O que é que está havendo, quem é que está conduzindo as coisas na Prefeitura? Temos que entender que a Prefeitura é hoje uma das principais empresas de nossa cidade, com quase 1.000 funcionários . É preciso que tenhamos no governo, pessoas comprometidas, que estejam realmente dedicadas ao trabalho e não com a politicagem”.

PROFESSORES NO PLENÁRIO – A sessão da Câmara da segunda-feira também contou com presença de alguns professores que reivindicavam alguns direitos, o que motivou o discurso de vários Vereadores.

Paula por exemplo apresentou propositura solicitando o cumprimento da Lei Federal nº 11.738, que versa sobre o limite máximo da jornada de trabalho dos professores da Educação Básica, que não tem sido cumprida.  Guto, por sua vez, trouxe ao plenário, a necessidade do estudo da viabilidade de se estender o auxílio transporte aos professores que, muitas vezes, para cumprirem com sua carga horária, têm que se deslocar de uma escola para outra, utilizando de recursos próprios, como carro e gasolina. Em outras cidades, conforme o vereador, esse benefício já foi adotado.

O Vereador Helton Antônio Venâncio (PSDB) abordou a questão da reestruturação administrativa e que no caso dos professores, ele participou de reuniões onde houve o compromisso que as condições seriam melhoradas, o que não aconteceu, segundo ele. “Só para vocês terem uma idéia, como o professor aqui em Descalvado está sendo prejudicado, em Pirassununga se paga R$ 13,28 a hora/aula; em Porto Ferreira é R$ 11,24 e, aqui em Descalvado, R$ 10,25. Esses são valores passados pelos próprios professores e que comprovam a desvalorização da classe. Nesse sentido, acho necessário realizarmos aqui, uma reunião, convidando o secretário de Educação Hélcio, bem como os professores, para tratarmos desse assunto e ver o que pode ser melhorado”, disse.